sábado, 19 de outubro de 2013

«Jesus Cristo Bebia Cerveja» de Afonso Cruz - Opinião


Depois de me ter deliciado com o «Livro do Ano», que tive o prazer de ver lido, interpretado, musicado na apresentação do ZDB integrado na Noite de Literatura Europeia, quis ler algo deste autor, como a minha cara metade leu e amou a «Boneca de Kokoschka», decidi escolher outro titulo.
A escolha recaiu sobre  "Jesus Cristo Bebia Cerveja" pois tinha um titulo mais sugestivo e eu também bebo cerveja ;) (permitam-me o "lol"). E pelo que sei o Afonso Cruz também.

Tinha alguma expectativa quanto ao livro, que em parte não me deixou defraudado, amei a maneira simples e bela como o autor escreve, este consegue com as palavras mais simples e à sua maneira descrever cenários terríveis que quase chegam a parecer belos.

O livro tem passagens que me deixaram imaginar o ridículo da situação, deixaram-me a pensar que no meu Alentejo aquela situação era possível de se ver, transportaram-me imediatamente para o calor tórrido da minha terra e visualizei alguns velhotes algumas situações. Estou a referir-me em especial às sórdidas situações com a avó da Rosa.

Se tiver algo a apontar a este enredo de «Jesus Cristo bebia cerveja» é o facto de, infelizmente, não ter conseguido apegar-me a nenhuma das personagens. Gosto do enredo e os episódios são forte, mas nenhuma personagem me chegou a prender, de forma a ganhar sentimentos por ela. Desde o pastor à inglesa, à avó ou até à Rosa, nenhum deles ganhou assim por dizer grande destaque.

Outra coisa em que fiquei a pensar foi: se uma escrita tão bela como a de Afonso Cruz não seria melhor utilizada numa historia "bonita", não numa história deste tipo, nua e crua, representando a dureza da vida não só do campo como também da cidade. Não sei se me explico muito bem, mas quando lemos algo tão belo, esperamos uma história igualmente bela e aqui é tudo bem negro.


Por fim quero deixar ainda aqui um apontamento sobre o pequeno livro que se encontra no fim e que vem preencher algumas lacunas importantes e dar mais um toque delicioso a este livro.

Apesar de ter aquele ponto que menos apreciei, recomendo a leitura do mesmo para degustarem a maneira como este autor escreve, entretanto acho que vou ler a «Boneca de Kokoschka».

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Leiam mais sobre o autor, aqui, na Alfaguara/Objectiva, que edita alguns dos seus livros.

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