terça-feira, 6 de maio de 2014

"O perfeito Nazi" de Martin Davidson, Opinião

Foi com grande entusiasmo que agarrei neste livro, sendo de um dos temas que prefiro para as minhas leitura. Confesso, estava a espera de algo surpreendente, no entanto, isso não aconteceu!
Esperava da leitura do livro um ponto de vista que nunca tivesse lido, esperava um relato na primeira pessoa, que me mostrasse a vida, os motivos, os acontecimentos e que me explicasse o mundo (o entendimento do mundo da perspectiva nazi!) e todos os seus factores, que levaram milhões a abraçar uma ideologia que quase destruiu o mundo que conhecemos ou pelo menos ia destruindo...

Foi com muita pena que constatei que por muito que a ideia do livro fosse essa, o autor não o consegue fazer. Falta algo neste livro para ser genial, falta o relato efectivo e vivido da personagem principal, Bruno Langbehn, o avô do autor, o perfeito nazi. Seriam preciso relatos pelas próprias palavras deste nazi convicto!

Apesar de se basear na história do seu avô e de ter ido investigar o seu passado, com base em documentos oficiais e ter percorrido e examinado cada ano como um membro efectivo do partido nazi e das forças das SS, continua a faltar o depoimento, quase que a confissão... faltam as palavras de Bruno, mas talvez assim ficasse demasiado chocante e até mais perturbador.

Mesmo assim é um livro que eu aconselho para quem gosta da temática, um documento histórico que consegue enquadrar varias décadas de história. Sem deslumbrar o leitor, já que o relato assume um tom informativo e histórico e não de julgamento, logo não toma partido nem pelo lado de julgar nem pelo lado de desculpar. Em parte, Martin Davidson quer expor o que Bruno Langbehn foi, sem apoiar o nazismo, mas também sem incriminar o avô. Talvez seja este lado menos tendencioso que torne o livro menos quente, menos especulativo, mas não lhe retira mérito e interesse.

Um livro histórico que expõe, sem pudor a segunda guerra mundial, tanto do lado dos Alemães como depois do lado Soviético, bem como dos aliados, tentando sempre com a perceptiva humana. O desenrolar dos factos está sempre como justificação para os actos de Bruno sempre com a ideia de tentar enquadrar os seus actos e motivações, sempre com a ideia de nos mostrar porque razão ele fez o que fez, como o fez, e que motivos teria para o fazer, tentando mostrar que qualquer um, que tivesse o "encantador de multidões" - Hitler - a mandar, poderia ser um dos seus fieis seguidores, pois o povo facilmente é convencido a deixar os seus ideais e as suas regras, basta que para isso as justificações sejam válidas e apresentem soluções aos seus problemas. É claro que a forma de comando é também muito importante... talvez sejam estas as maiores conclusões que o livro nos pretenda dar.

Uma leitura com o apoio da TEXTO, uma chancela Leya


Saiba mais sobre o livro, aqui.



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