domingo, 24 de abril de 2016

Opinião "Razões para Viver"

Dizia Carlos Drummond de Andrade

“A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos,na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.”



Confesso que livros na categoria de auto-ajuda não são parte integrante da minha estante. Um livro de ficção consegue desenterrar mais emoções do qualquer livro que me diz como me devo sentir ou interpretar o que sinto. Por isso, quando este livro saiu e a editora nos sugeriu a leitura pensei que precisava de encontrar motivos para ler este "Razões para viver". Caso contrário como vos poderia falar dele?
Curiosamente foi o autor e a sua capacidade prática e assertiva que me prendeu e me levou ao longo da leitura.

"Razões de viver" não nos vai apresentar uma lista bonitinha sobre porque que é devemos "chutar a bola para a frente" ou "ver o lado bom da vida". Nem nos dá a receita mágica para nos "passar a depressão". Não que alguma vez tenha lido sobre este assunto, principalmente na perspectiva no doente mas garanto-vos que se há coisa que concordo com o autor é que não existe solução mágica e todos somos diferentes, por isso o que resulta para um pode não resultar para outro.

Matt esteve no fundo do poço, se quisermos usar a metáfora. A depressão atacou-o fortemente e trouxe para fazer a festa a ansiedade e os ataques de pânico.
Matt, mais que nos dizer como saiu ou sobreviveu no caminho da depressão, conta-nos como é que se sentia e como é que as pessoas à volta dele o ajudaram durante aquele período, o que eu acho ser uma mais valia tremenda para o espírito de quem ataca este livro. Abrimos este "Razões para viver" não só para perceber a depressão que o tortura mas também para entender quem a sua volta lida com a doença.

Faz uns 10 anos, era jovem e inocente, lembro-me de ter dito a uma amiga uns vinte anos mais velha que não acreditava na depressão, que para mim isso não existia, que isso eram só pessoas que estavam aborrecidas e que havia muita razão para se animaram.
Anos mais tarde a opinião não é a mesma. O mundo mudou enquanto olho para a lista dos "sintomas" e até me identifico com alguns mas continuo a dizer, há muita razão para viver, para sorrir...mesmo que seja com a leitura de um livro, uma música que ouvem na rádio, um passeio na praia ou um fim de tarde a fazer festinhas ao gato no sofá.
Apenas precisamos de encontrar a nossas.
Quais são as vossas?
Quais são as das pessoas à vossa volta que neste momento lutam contra a depressão?
Vale a pena tentar perceber.


O meu exemplar fica cheio de anotações e cantos dobrados.

A minha sugestão é...encontrem as vossas razões para viver. Acreditem que vai valer a pena! Oh raios, agora sim, parecia um livro de auto-ajuda :P

E a música de hoje é igualmente a letra que melhor se encaixa na minha leitura deste livro.


Uma aposta

Mais informações no site da Porto Editora

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