quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Opinião "Cleo" de Helen Brown

Com o mote "somos pelos animais", estamos a realizar 4 magníficos passatempos em que temos a oportunidade de oferecer um exemplar da Cleo, cortesia da Caderno/Lua de Papel

 
Sinopse:
Uma história real, emocionante e comovente. Helen estava na casa de uma amiga quando recebeu a notícia: Sam tinha acabado de morrer. Ainda pensou que Sam fosse um familiar qualquer distante, mas não, era mesmo o seu Sam, o seu filho mais velho: morreu atropelado, à frente do irmão mais novo. O mundo de Helen começou a ruir. Noites sem dormir, pensamentos suicidas, uma depressão profunda. Enquanto, à sua volta, a família se deixava levar pelo desespero, pelas discussões, pela tristeza infinita de perder um ente querido. Até que um dia bateram à porta. Era uma vizinha, trazia no colo um gato ainda bebé. Helen já nem se lembrava. Um mês antes tinha ido com os filhos ver uma ninhada, e prometera a Sam que lhe daria um dos gatinhos. E ali estava ele, uma impertinente bola de pêlo preto. O seu primeiro impulso foi rejeitar de imediato aquele pequeno intruso. Mas então viu Rob, o seu outro filho, a acariciar o bichano. E pela primeira vez em muito tempo, viu-o sorrir¿ Cleo tinha chegado a casa. E aos poucos começaria a devolver àquela família a alegria de viver.

A minha opinião:
 O que me chamou a atenção foram aqueles olhos verdes. Porque antes de vos falar da Cleo, eu podia falar da bola de pelo preta com olhos verdes que marcou a minha vida quando eu era ainda uma criança.
Numa família amante de animais mas com uma matriarca atrita a criaturas felpudas e destruidoras de mobílias, eu e a minha metade literária nunca tivemos oportunidade de ter animais em casa na nossa infância (entretanto já tivemos e continuamos a ter).
Até ao dia em que a minha avó, que infelizmente já não está connosco, apanhou um gato preto na rua. Era a imagem da Cleo e tornou-se uma presença muito importante nas nossas vidas. 
Eu não me importava que ele arranhasse cortinados ou colchas, eu era feliz porque ele estava na minha vida, eu podia passar horas a fazer-lhe festinhas e ele fazia um barulho engraçado a beber água.
Um dia a minha avó decidiu devolvê-lo ao sítio onde o foi buscar e, como criança que era, sem nunca ter sido tocada pela tragédia, chorei baba e ranho como se o mundo fosse acabar porque tinha perdido o meu gato.
Hoje sei que aquele foi o primeiro passo para todas as perdas que foi sofrendo na minha vida.

Aqui é o contrário, é Cleo que entra na vida de uma família após a tragédia, não para salvar uma família num todo mas para encorajar Helen e o seu filho a sobreviver à morte de Sam, o filho que escolheu a Cleo do meio da sua ninhada de bolinhas de pelo.

Contado na primeira pessoa, este livro dá-nos um aperto cá dentro só de pensar se estivéssemos no lugar da Helen. Como disse a minha avó uma vez "nunca pensamos que os nossos filhos vão à nossa frente".
Helen é ela própria, para o bem e para o mal, e honestamente, é esse o ponto alto do livro.
Ninguém é perfeito, e quem passa por acontecimentos destes na sua vida, tem todo o direito de passar pelos altos e baixos que vamos vendo no livro. E embora a base do livro seja um assunto tão pesado, Helen Brown tem uma escrita leve e fluída, com um toque magnificamente divertido.

É engraçado que sempre me mantive afastada deste tipo de livros, do género literário com as histórias de gatos e cães que nos fazem chorar as pedras da calçada, mas este veio abrir o apetite para todos os outros que já me passaram à frente.

Claro que hoje, longe da criança amante de um gato preto que fui, sou uma adulta amante de cães :)
Apesar de actualmente me sentir mais uma "dog person", fiquei encantada com ambos os amigos que vêm nas histórias que lemos

BOAS LEITURAS!

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