quarta-feira, 1 de maio de 2013

Uma leitura TOP - «O Leitor de Cadáveres» de Antonio Garrido - Opinião

Isto pode parecer um bocado estranho, mas muitas das vezes escolho os livros tal como os vinhos, pelas capas, e o velho ditado de "os olhos também comem", aplica-se muito bem e este foi mais um desses casos. Vi a capa e em associação com o titulo disse: vou gostar de ler este livro, e assim foi! Gostei!!!


A escrita e o argumento de Antonio Garrido é como uma droga mal se põem os olhos nela, ficamos viciados. O autor consegue prender-nos com tanta força que é difícil largar o livro antes de chegar a ultima página. Vi-me agarrado ao livro em todo o lado, no intervalo do trabalho, no café, à mesa de jantar, no wc... enfim andou atrás de mim para todo o lado, inclusive de férias, aí foi o derradeiro final!

O enredo gira em torno de Ci, levando-nos a conhecer o primeiro médico legista da história, além da impressionante saga que é a vida deste homem, o autor fantasia um enredo de conspiração, avareza, ganância e actos ilícitos  à volta de factos reais e consegue ainda criar um cenário simplesmente fantástico numa China Medieval de Tsung por volta do ano 1200.

O autor relata e cria uma sociedade de época baseando-se em factos históricos, revelando uma sociedade totalmente diferente da nossa e que nos fascina. Ai começa a nossa própria saga de ansiar por mais e mais detalhes. Antonio Garrido leva-nos a tentar compreender como estas pessoas viviam nessa época, como se vestiam, o que comiam, como se comportavam, recheando assim a narrativa com dados que trazem realismo à acção.

É-nos mostrada uma sociedade muito rígida onde toda e qualquer falha era disciplinada com o recurso à violência, onde as regras imperavam em conjunto com os castigos físicos, informação validada e explicada (como tantas outras) nas Notas do Autor. É nesta violência e barbárie medieval que Ci crece e se auto-educa com recurso à sua inteligência, vício no estudo e claro, uma constante luta contra as adversidades indissociáveis da época.

Será que podemos ver Ci como o primórdio do agente Gil Grissom (CSI Las Vegas) mas na época medieval!? Corre o ano de 1217 onde com poucos instrumentos que possui consegue chegar a brilhantes deduções, o que faz dele o leitor de cadáveres, mas só lendo é que se vão perceber do quão inteligente e brilhante ele é.

Confesso que durante todo o enredo me vi confrontado com a ânsia de descobrir o mistério, mas o autor consegue deixar-nos sempre na expectativa e incerteza até à ultima página, alguns dos factos até são previsíveis mas existe sempre mais uma volta que o autor nos obriga a dar, fazendo do livro uma absoluta arca das surpresas.

Um livro que entra directamente para o meu "top" pela maneira como está escrito, pelo enredo, pela dedicação do autor, pelo lado histórico e deixo ainda a nota, de que as notas do autor estão igualmente ao nível do enredo e são uma ferramenta, aproximando-nos do autor, facto esse que apreciei bastante.

Uma leitura com o apoio da PORTO EDITORA


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