quinta-feira, 2 de março de 2017

«O estranho caso do cão morto» de Mark Haddon - Opinião



"Às vezes, quando estou num sítio novo e há muitas pessoas lá, é como um computador a avariar, e tenho de fechar os olhos, tapar os ouvidos com as mãos e gemer, que é como carregar CTRL + ALT + DEL, para me conseguir lembrar do que eu estou a fazer e para onde estou a ir."
É com Christopher Boone e as suas características especiais que seguimos nesta viagem. Christopher tem quinze anos e é autista, é um excelente aluno a Matemática e a Ciências e, próprio do espectro de autismo, tem uma forma particular e peculiar de se organizar com o mundo. A mãe faleceu e ele vive sozinho com o pai numa pacata localidade onde pouco acontece, por isso, quando o cão da vizinha, o Wellington, aparece morto isso desperta nele toda uma sede de aventura e descoberta para pôr fim ao mistério do cão morto. Com ele vamos divagar por conceitos como tempo e espaço, mapas e horários, regras e hábitos, estrelas, livros e Sherlock Holmes, alguns conceitos de psicologia e claro, a forma de organizar os dias entre dias bons ou maus consoante o número de carros amarelos e vermelhos pelos quais o Christopher passa antes de ir para a escola.

"As pessoas confundem-me.
Isso acontece por duas razões principais.
A primeira razão principal é que as pessoas falam muito sem usarem quaisquer palavras.
(...)
A segunda razão principal é o facto de as pessoas falarem frequentemente utilizando metáforas."

A saga conduzida por este adolescente tem toques de hilariante, pelo seu lado inocente, tem igualmente drama pelas questões familiares que vamos descobrindo, mas tem também um traço muito inteligente que encaminha o leitor de capítulo em capítulo querendo saber mais como pensa este rapaz autista e como com as suas limitações consegue chegar tão longe.

"É que quando eu era pequeno não percebia que as outras pessoas possuíam um intelecto. (...) Mas agora não acho difícil. Porque decidi que era uma espécie de puzzle, e se alguma coisa é um puzzle, existe sempre uma maneira de o resolver."

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Mais uma leitura para o #desafiodeleitura2017EdL * Grupo Efeito dos Livros

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