segunda-feira, 4 de setembro de 2017

«O efeito Rosie» de Graeme Simsion - Opinião




Depois do êxito alcançado com «O Projecto Rosie» e de termos gostado bastante dessa leitura, chegou-nos a oportunidade de percebermos a etapa seguinte planificada pelo Professor Tillman, esse maníaco da planificação. Todavia, existe Rosie e talvez ela seja o antídoto para o caos e o inesperado na vida deste desajustado social, mas muito inteligente professor. 

Aquando da leitura do primeiro, pensei num filme, com este penso que juntos dariam uma mini série de excelente qualidade. O complexo em torno de Tillman e Rosie e a roda de psicólogos e pseudo psi qualquer coisa farão as delícias de muitos. Continuo a temer quem possam escolher para a personagem principal, pois um comediante da praça não fará juz ao cariz aqui descrito por Simsion. Precisaremos de um actor despegado de outros personagens, para irmos de mente limpa e aceitá-lo com estes tiques e particularidades de homem aparentemente apetecível, mas igualmente desajustado.

"Fiz várias anotações no meu caderno.
As crianças exploram ao longo de distâncias curtas, mas, com frequência, olhavam e regressavam para perto do seus guardiães. Recordei-me de ter visto um documentário em que este comportamento se tornava mais claro graças à repetição em câmara acelerada, mas não me lembrava de que animal se tratava."

Assim despegado parece sem sentido e sem graça, mas o melhor do livro são realmente as cenas em torno do próprio Tillman, aliás são estes episódios que proporcionam humor ao livro, já que o seguimento da acção e o desfecho é facilmente adivinhável. Apesar de neste livro estaremos sobre o efeito "estamos grávidos", a melhor parte da acção é mesmo a peculiaridade e ingenuidade do personagem.

"- Esqueceste-te da ecografia?
- Claro que não.
- Então, porque não estavas lá?"
- Eu devia ter assistido?"

E perante tal constatação muito fica dito sobre este projecto de parentalidade. Uma série de procedimentos que todos parecem fugir, tanto à planificação, como à compreensão de Don.

"Comecei o meu dia sozinho a desenhar um Bud à escala real, do tamanho de uma maçã, no Azulejo 15. O Livro observava que as orelhas do Bud haviam migrado do pescoço para a cabeça e os seus olhos para o meio. Teria sido fascinante discutir isto com a Rosie, mas ela não estava presente. Não me esquecera da sua advertência sobre os meus comentários técnicos."

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Um livro da Editorial Presença, saiba mais aqui.

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