sábado, 4 de outubro de 2014

Quando os livros se tornam filmes - Gone Girl / Em Parte Incerta


No Efeito dos Livros gostamos de seguir aquela máxima de "primeiro ler o livro, depois ver o filme". Por vezes isso não acontece pelas mais variadas razões. O livro "Em Parte Incerta" tem as suas, pelo menos para a metade mais negra e para o Caracol Literário, já que a metade colorida sabia muito bem o que ia encontrar na tela quando esteve na Antestreia do filme de David Fincher.
Entre leitores e espectadores, três opiniões diferentes:

Efeitocris
Ler livros e ir a correr ao cinema ver os respectivos filmes nem sempre corre bem. É verdade que por vezes corre bem, mas por norma não o faço. Com "Gone Girl / Em Parte Incerta" eu nem dei oportunidade ao livro. Fiquei na dúvida: êxito por excesso de publicidade ou se seria apenas mais um policial sem que se esperassem muitos episódios retorcidos. Culpem o Hannibal e o Criminal Minds por tornarem a maioria dos actuais policias/thrillers que leio em nada tenebrosos ou obscuros como às vezes procuro que sejam. Mas adiante. Gone Girl e prefiro o título com Girl do que o Em parte incerta, já que gosto do destaque à rapariguinha. E não concordo nada com a catalogação de "flor de estufa" que lhe deram na apresentação do filme pela Metropolis. Aliás, logo desde o início, especialmente na cena onde o casal de conhece, deixa logo a suspeitar que aquela beleza tem algo de cativante, de misterioso e de perfeito a mais. Uma "flor de estufa" não teria a genialidade para este papel e esta interpretação demoníaca. Perfeita!!!
Sou suspeita nesta analise, pois parto para o filme sem a base do livro e sem ser fã de Ben Affleck. Não me perguntem porquê, mas há algo na cara dele que para mim raramente altera seja lá que papel esteja ele a interpretar. É o mesmo sentimento que tenho com o Dicaprio, enfim. Adiante outra vez.
Mais uma vez, a dica dada pela Metropolis foi de génio, ao referir a ligação de Affleck com o personagem e a vida real no affair com J. Lo. Para mim foi mais uma pista.
E sendo assim, houve sempre um caminho que me desviava do marido, como no geral me desvio do mordomo. E realmente, este argumento não tem muito de clássico. O retorcido e o sórdido estão lá e muito bem conseguidos.
Os detalhes, a sequência de ideias e os lados que explora, as relações familiares, a dependência e a obsessão... é sem dúvida um olhar caricato à vida conjugal que merece ser analisado com a mesma mestria e dedicação do argumento, mas também de toda a composição que o filme apresenta.
Fincher, já era favorito, especialmente nos seus trabalhos com Brad Pitt, Sete Pecados Mortais é um filme que fica da juventude para a vida, bem como Ladies and Gentlemans, Mr. George Micheal,
;)

Paulo/Caracol Literário
Confesso que não li o livro e que antes de ir ver o filme nada sabia sobre a história, mas agora que o vi estou seriamente a pensar lê-lo, pois apesar de ser a própria Gillian Flynn a argumentista, corre o boato que as histórias são diferentes.

Quanto ao filme, vou começar por uma parte que adorei, a banda sonora. Como o Nuno Galopim bem referiu na sua apresentação, Fincher finalmente tem a sua "musa" musical e a cada filme que fazem juntos torna-se evidente a cumplicidade entre Fincher, Trent Reznor e Atticus Ross dos Nine Inch Nails, tornando este filme numa perfeita harmonia entre as imagens e sons.

Quanto à história em si, acho-a, simplesmente genial! Consegue despertar, acredito que em cada espectador, o instinto de detective e desde cedo começamos a tecer as nossas teorias da conspiração, quem matou foi... ou então a forma como aconteceu... e como qualquer bom detective vamos mudando de ideias, conforme os factos vão surgindo.
 Com este entrelaçado de ideias vamos ficando literalmente colados a tela e à teia de ideias, a tentar desvendar o fim. Confesso que deste não estava a espera, e que ainda dou mais valor ao filme por isso, é raro sair de um filme com a sensação de que nunca me lembraria deste ou daquele pormenor.

Se tiverem a hipótese de ir ver, vão, aproveitem esta boa aposta da Metropolis e da Big Pictures.

Elsa

A metade que leu o livro tem sempre dificuldade em chegar a uma sala de cinema para ver um filme cuja história está tão fresca na cabeça. Estou sempre à procura de determinada cena e demoro a perder-me no filme por estar tão agarrada ao livro. Não ser grande fã do actor principal também não ajuda mas isso não me impossiblita de dizer que ele é perfeito para o papel do dúbio Nick Dunne. Também Rosamund Pike encarna maravilhosamente Amy em todas as facetas dispares que lhe são exigidas ao longo da história. E que história! Este é daqueles filmes que ia sempre ver duas vezes, uma para olhar para a tela, outra para olhar para a reacção das pessoas em determinadas cenas chave, especialmente os não leitores.
Mas o mais interessante desta adaptação não é o quanto é fiel ao livro mas sim a mestria da dupla Flynn e Fincher, especialmente nas cenas de cortar….à faca! :D Embora o livro seja um pouco mais sombrio, porque conhecemos outros detalhes, consegui ficar arrepiada pela capacidade de criarem e apresentarem ao público personagens tão twisted (à falta de melhor expressão!). Algumas cenas e personagens estão em falta mas é sempre difícil agrupar tudo o que tivemos oportunidade de ler. E o fim....não posso falar do fim!
150 minutos que nos fazem ficar presos à cadeira e olhar para a pessoa ao nosso lado com outros olhos. Que venham os próximos livros da autora e as suas respectivas adaptações.

Quem não vai perder a adaptação do livro de Gillian Flynn ao cinema?
Prepare-se para 150minutos de brilhantismo maquiavélico da dupla Fincher/Flynn.

Relembro a opinião ao livro pela ElsaR

Bons filmes!

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